Tenho conversado com amigas e também lendo livros e textos que refletem nossa vida hoje, depois de anos de experiências, o que aproveitamos disto ou daquilo. Vendo as outras pessoa agindo, buscando algo pensamos que nós estamos muito paradas, poderíamos fazer muitas coisas e outras nos impedem disto.
O crescimento e a esperiência, mais a espiritualidade têm mostrado que quando nós temos perguntas e respostas é porque chegamos num momento de gradeza e as reflexões nos trazem estas respostas buscadas, às vezes duras ou as vezes esclarecedoras.
Assim nossas vidas tomam mais sentido. Isto é bom. Estamos todas tentando alguma coisa, ser feliz tanto na profissão ou na família e também na sociedade.
Lendo muitas coisas que me chegam me deparei com este texto da Martha Medeiro e aqui deixo para voces refletirem também.
A felicidade pode estar à nossa volta e as respostas que estamos procurando são muito mais simples do que parecem. E estamos perto de nos conscientizar que tudo continua fazendo parte do nosso próprio 'eu'.
Será que compliquei muito? Espero que leiam e tenham respostas.
Se quizerem comentar, vou gostar de saber o que pensam.
A massacrante felicidade dos outros...
(Martha Medeiros, gaúcha, 44 anos, Jornalista e Poeta).
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: 'Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento' .
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar uma valsa pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados pra consumo externo.
Todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, abastados, sedutores, social e filosoficamente corretos. Parece que ninguém, nenhum deles, nunca levou porrada. Parece que todos têm sido campeões em tudo'. Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.
Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Será bom só sair de casa com alguém todo tempo na sua cola a título de segurança? Estarão mesmo todas essas pessoas realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está em casa, lendo, desenhando, ouvindo música, vendo seu time jogar, escrevendo, tomando seu uisquinho?
Tenha certeza que as melhores festas acontecem sempre dentro do nosso próprio apartamento.
Então, o que acharam?
Um grande abraço para todas.
Dete Miranda